quinta-feira, 2 de fevereiro de 2023

Show de Edu Lobo em Curitiba

Show de Edu Lobo em Curitiba

Show de Edu Lobo em Curitiba.
Na foto, Edu Lobo e Vanessa Moreno.
Fonte: a autora.

Show de Edu Lobo em Curitiba aconteceu na última quarta-feira dia 01/02/2023, na 40ª Oficina de Música de Curitiba, no grande auditório do teatro Guaíra, famoso Guairão. Edu trouxe grandes convidados para cantar ao seu lado.

Alô, amigos! Quero fazer alguns comentários sobre o show que tive o prazer de prestigiar ao vivo, de Edu Lobo com participação de Ayrton Montarroyos e Vanessa Moreno.

A banda do Edu estava de tirar o fôlego, constituída por Cristovão Bastos no piano, arranjos e direção musical, por Mauro Senise nos sopros (cá pra nós, um saxofone de atingir nossa alma!), Jurim Moreira na bateria e Jorge Helder no baixo acústico. Pra quem não sabe, o Jorge também faz o baixo para Chico Buarque.

O auditório estava muito cheio. Eu e minha amiga Renata tentamos um lugar bacana na plateia mais próxima do palco e, por pura sorte, conseguimos!

As amigas Karla Díbia e Renata Terra.
Fonte: a autora.

É justificável a quantidade enorme de pessoas, afinal, além de ser o mestre Edu Lobo no palco, também está acontecendo a 40ª Oficina de Música de Curitiba, ou seja, é um período onde a cidade está em alvoroço com shows, cursos e cultura sendo compartilhada em cada canto.

O show de Edu Lobo em Curitiba é um dos espetáculos presentes no evento, mas durante a Oficina há shows todos os dias. Se você gosta de música, fique atento às agendas!

Infelizmente, devido ao agito do momento, eu não consegui pegar o programa para acompanhar a sequência de músicas. Fez muita falta, pois eu conhecia poucas canções do autor. De qualquer forma, mantive meus ouvidos atentos e posso confirmar, me surpreendi.

Emoção

Quando Edu Lobo pisou no palco, a plateia aplaudiu de pé e em alvoroço. Ele cantou e nas suas primeiras frases, já percebi o frio na barriga que ele estava sentindo. Eu, reles mortal, fiquei pensando : “meu deus, se Edu que é Edu teve um friozinho na barriga, já pensou quem é mais novo?”. Não foi um pensamento em vão, já explicarei.

Após cantar, ele falou: “com uma recepção dessas, vocês matam o velhinho”. Achei muito fofo e, aliás, este comentário nos ensina como ser artista é uma grande responsabilidade, independente da idade. Ele estava emocionado por estar ali e compartilhar aquele momento com tantas pessoas que o querem bem.

Apresentou sua banda (descrita acima) e continuou o show. Músicas escolhidas a dedo, arranjos refinados, modulações que só um bom músico conseguiria executar na voz. O show foi uma aula para todos que estavam presentes. Saímos, sem dúvida, com mais cultura na mente e no coração.

Eu e minha amiga Renata tentamos refletir sobre qual arquétipo estava regendo o artista naquele momento. Imaginamos o mago, o amante e o sábio. Porém, quando uma pessoa tem um trabalho muito conciso e já transitou entre diversos estilos, com diversos parceiros, sua arte pode se tornar ampla demais para ser rotulada.

As entradas dos convidados não foram anunciadas, surpreendendo o público. A banda começava a tocar e os convidados entravam. Cada um tocou, se não me falha a memória, duas músicas junto com Edu e três músicas todos juntos, ao final do espetáculo.

Ayrton Montarroyos

Ayrton Montarroyos foi o primeiro convidado e me surpreendeu demais, pois eu não conhecia sua voz. Fiquei completamente arrepiada. Uma fineza, uma destreza ao passear na melodia. A sensação que eu tinha era que ele estava mantendo as pregas vocais com borda mais tênue no grave, porém, usando uma ressonância muito bem distribuída que o fez, mesmo cantando de forma delicada, ser ouvido com total clareza. Um cantor maduro para sua aparente idade nova.

E como prometi explicar sobre o frio na barriga, aqui está: se Edu que é Edu ficou “encabulado” da recepção calorosa do público, pareceu que Ayrton ficou mais. Acredito que ele se deu conta da quantidade de pessoas presentes quando, no entre músicas, o iluminador clareou a plateia. Ele deu um passo para trás, todo amável, com um susto genuíno de se ver.

Hoje temos um arsenal de cantores fazendo a voz soar com muito volume e projeção. A voz dele caminhou por um lugar mais personalizado, com mais riqueza de detalhes e até mesmo, com menos volume (ainda que era totalmente possível ouvi-lo). Isso gera interesse no ouvinte. Tira o ouvinte da zona de conforto para se tornar mais atento à letra. Quando ele cantou Sobre todas as coisas (Edu e Chico Buarque), eu quase caí pra trás. Ficou perfeita e deixou um gostinho de quero mais.

Vanessa Moreno

A Vanessa Moreno é uma cantora que eu já conhecia e seguia das redes sociais. Sempre acompanho seus vídeos e sinto que é uma cantora muito ativa. Durante os anos de 2020 e 2021, muitos cantores pausaram seus trabalhos (eu fui um deles, inclusive), pelos motivos lógicos. A Vanessa não, ela não parou. E isso tornou ela uma inspiração pra tantos artistas.



Quando entrou no palco, sua energia foi como um sol, uma luz. Foi bonito de se ver. Estava com uma roupa que a destacava também. Amo ver mulheres em destaque quando a banda é constituída apenas de homens. Inclusive, e isso é uma opinião bem particular, sinto que ela cuidou para não se “expandir” tanto, tendo em vista que era uma convidada e não a cantora principal. Ela cuidou bem, pois dava pra sentir o quanto havia dentro daquela mulher que poderia ter vindo pra fora e tomado a cena fácil fácil. Ela é poderosa.

Sobre sua voz, ela é uma professora. Ensinou muitos de nós como o corpo pode se relacionar com a voz, como a leveza pode se relacionar com a fortaleza, como o improviso pode ser original. Gostaria de fazer uma oficina de canto com ela para aprender como ela pensa o corpo e a voz. Foi muito bonito de se ouvir e ver.

Comemoração

O show do Edu Lobo em Curitiba foi uma comemoração espetacular, um presente para os fãs que cantaram junto várias músicas em uníssono.

Edu Lobo está com quase 80 anos, como ele mesmo disse. Cantou o show inteiro sentado em uma cadeira para melhor conforto, e cantou em pé apenas a música Beatriz (Chico Buarque), acomodado perto do piano.

Ao final do show, Edu e seus convidados Vanessa e Ayrton cantaram juntos e animadamente três músicas. Uma pra finalizar e duas para bis. A última fechou o show com chave de ouro: O trenzinho do caipira (Ferreira Gullar e Villa-Lobos).

Para mim que conhecia pouco o repertório deste compositor, foi especial demais. A muito tempo não ia num show ao vivo. Pois é, mesmo sendo artista, às vezes os compromissos do dia-a-dia nos tomam a atenção de tal maneira que deixamos de assistir algo bonito. Esta quarta-feira foi diferente, foi especial. Permiti ouvir e ver um baita dum espetáculo e acima de tudo, aprender com os grandes mestres que estavam à minha frente.

Abraços!
Karla Díbia (cantora e professora de canto)

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